quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Entenda o que é um buraco negro e como ele se forma no Universo

Quando o assunto se refere aos buracos negros, uma áurea de mistério gira em torno do tema. As hipóteses são muitas, desde passagens para outras dimensões, ou universos, às teorias que sugerem que os buracos negros sejam realmente buracos. E não são? Ao contrário do que próprio nome diz, esses fenômenos que habitam o cosmos não são, pelo menos ao pé da letra, realmente buracos. Na verdade, são acúmulos de matéria em um estado altamente condensado, conforme explica o físico Alberto Rodríguez Ardila, pesquisador do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).

“Se procurarmos pela definição da palavra ‘buraco’ que existe no dicionário, percebemos que um buraco negro não é, propriamente, um buraco. Isso porque uma das definições de buraco diz que se trata de ‘qualquer abertura em um corpo; furo, orifício, cavidade’. Porém, um buraco negro é justamente o oposto. Ele está cheio de matéria, altamente condensada. Um buraco negro também pode ser considerado como uma ‘abertura’, significando que ele conectaria duas regiões do espaço. O consenso geral indica que isso não é possível, pelo menos matematicamente. Portanto, os buracos negros, no sentido estrito da palavra, não são buracos”, destaca Alberto.

Para explicar o que realmente é um buraco negro, o físico ensina que se trata de uma região do espaço onde o campo gravitacional é tão forte que nada sai dela, nem mesmo a luz. Ele lembra que, até hoje, a melhor forma para explicar esse tipo de fenômeno se dá por meio da “Teoria Geral da Relatividade”, formulada no início do século passado pelo físico Albert Einstein.

“De acordo com a sua teoria, em um buraco negro há uma concentração de massa tão grande, em um ponto tão infinitamente pequeno, que essa densidade é suficiente para deformar o espaço/tempo, de forma tal que a velocidade de escape, ou seja, a velocidade necessária para escapar de um campo gravitacional, neste local é maior do que a da luz. Por isso que nem mesmo a luz consegue escapar de um buraco negro. E, já que nada consegue se mover mais rápido do que a velocidade da luz, nada pode escapar de um buraco negro”, ressalta o físico.
Mas como se formam os buracos negros? Respondendo à pergunta, Alberto afirma que esses fenômenos acontecem quando uma estrela, de alta massa (20 vezes maior que a do Sol), esgota o seu combustível, não sendo mais capaz de gerar pressão suficiente para contrabalançar o peso de suas camadas externas. Como resultado, ocorre uma implosão, seguida por uma explosão, na qual a maior parte da estrela é despedaçada. Esse processo é conhecido como explosão de supernova, gerando um buraco negro no centro.
“Somente as estrelas de alta massa conseguem evoluir a um estágio tal que o núcleo não é mais capaz de gerar energia suficiente para sustentar o seu próprio peso. Isso acontece quando o núcleo da estrela é composto por átomos de ferro. Estrelas com massa inicial menor, como o Sol, por exemplo, não chegam a evoluir até se transformarem em buracos negros. Nesse caso, as estrelas terminam seu ciclo de vida como uma anã branca”, explica.

Depois que um buraco negro é formado, o físico destaca que ele pode continuar crescendo, sendo alimentado por toda e qualquer matéria que está ao seu redor. Ele pode engolir outras estrelas e se fundir com outros buracos negros, por exemplo, formando os buracos negros supermaciços, atingindo massas da ordem de milhões de vezes, ou mais, que a massa do Sol. “Na atualidade, o consenso geral é o de que no núcleo da maior parte das galáxias existe um buraco negro supermaciço, com massas maiores que a do Sol em milhões, e até trilhões, de vezes”, lembra.
Como é possível detectar um buraco negro?
Como não podem ser vistos diretamente, já que não emitem nem refletem nenhum tipo de radiação, os buracos negros são detectados por meio da influência gravitacional que exercem sobre o gás e as estrelas próximos. Alberto ensina que os buracos negros têm efeitos específicos sobre a sua vizinhança que não podem, até o momento, ser atribuídos a nenhum outro objeto cósmico conhecido. “Essa influência ocasiona, por exemplo, que estrelas localizadas a certa distância do buraco negro se movimentem ao redor dele com velocidades extremamente altas. Para medir essas velocidades, precisamos de um instrumento chamado espectrógrafo, que permite analisar a luz proveniente da estrela ou do gás próximos ao buraco negro”, ressalta.
O primeiro buraco negro foi descoberto em 1972. Ao realizarem medições da velocidade de rotação da estrela HDE 226868, os pesquisadores Charles Thomas Bolton, Louise Webster e Paul Murdin conseguiram demonstrar a presença de uma companheira oculta próximo a essa estrela. Baseados na enorme massa predita para o objeto, em torno de 14 vezes a massa do Sol, a partir de suas análises, eles fizeram a primeira conclusão do que poderia ser um buraco negro. A esse objeto estudado, eles deram o nome de Cygnus X-1, localizado na constelação do Cisne.

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